quarta-feira, 5 de março de 2014

Oráculo



“Conheces-me a alma, mais que eu mesma. Por um instante repousa as mãos sobre meus olhos, e, aliviando-lhes as mazelas físicas, sob o calor de suas mãos, adormeço. Uma vez acordada na dimensão a qual me reporta, sinto a plenitude de tudo aquilo que não me diz. Lembro-me de quem sou, de que fomos e até onde planejamos chegar. Pela mão carrego-te pelas curvas e estradas que formam-se diante de nossos passos, onde brotam flores e frutos diversos, que saciam a fome de nossos instintos. No caminho para onde pretendo levar-te, nos reserva estradas pelas quais borboletas atraímos, regando nossas narinas pelo doce aroma que exalam tudo que ali habita. 
Lá, no reino que construí com a divisão do que me presenteou, muito tenho a lhe mostrar. Venha, lhe apresentarei o jardim que eu mesma plantei. Adubei o solo com o tesouro que me ofertou. Aconchegue-se sob a sombra de uma frutífera ou deleite sobre os vales que aqui se formaram. Observa os dias que ensinam e tingem o cenário de cor. Sinta as noites, que convidam a elaborar pedidos admiráveis, comemorados pela chuva de prata estrelar. 
Seu sorriso reflete ainda mais luz ao meu recanto, ilumina meus olhos, protege minhas criações, incentiva minha criatividade. Vem, quero que conheça o fruto dos fragmentos que se dispersaram enquanto caminhei dividindo o que me deste. Aprimore seus sentidos, aperfeiçoa a paleta de cores que lhe apresentei no prisma que abrigas contigo, eleva tua capacidade de amar e prepara-te, pois muito ainda tenho a lhe mostrar, mas estas, lhe apresentarei de olhos abertos, plainando pelos céus da dimensão que criamos juntos...” – 
(A. Freire)

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