quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Casa aberta

A prova de que o ser humano é um ser psicossomático está no fato de que todas as emoções que vivemos, tanto as prazerosas quanto as desprazerosas, não só ficam registradas em nosso corpo físico como, sobretudo, em nosso corpo psíquico: é assim que nos defrontamos com nossas "cabeças avoadas", com nossas "pernas pra que te quero" quando estamos aceleradíssimos, com nossos "estômagos embrulhados", quando não digerimos as experiências pelas quais passamos, com nosso "corpo-máquina", quando precisamos nos proteger do que nos chega desde nosso próprio interior... O ambiente em que nos encontramos é tanto reflexo do que nos tornamos quanto meio através do qual podemos nos tornar nós mesmos. A psicossomática fala da necessária articulação entre o somático (corpo emocional, carregado de afetos diversos, veículo sensório-motor de experiências com o outro) e o psíquico (espaço de representação, onde a palavra vira nome). Se Freud nos lembra que o eu é, desde sua origem, eminentemente corporal, é para que não esqueçamos que o corpo é onde o psíquico começa. O caminho do somático ao psíquico é o caminho de construção do Eu. Nesse sentido, podemos ter todas as idades possíveis ao mesmo tempo, ou, quando o sofrimento é maior, (ainda) nenhuma idade. Entre o psíquico e o somático, o Eu está sempre à espera de se realizar. (Evelin Pestana, Casa Aberta - Página, Psicanálise, Artes, Educação).

Ilustração: Catrin Welz-Stein


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores