terça-feira, 27 de maio de 2014

Pão e poesia

O negócio é o seguinte: faz as malas, que hoje eu vou raptar você
Mas vem de olho fechado e peito aberto, não esquece
Vem sem vigília, sem receio e sem plano 
Vem pra valer, com os dois pés de uma vez
Traz os dias idos da tua meninice, tuas memórias e contos
Teus livros e discos, tuas velhas fotografias
Traz teus defeitos todos, tua escova de dente e teu pente
Traz tuas manias e vícios, tua fome e teu sono
Mas vem sem expectativa, sem sonhos, pra gente sonhar junto
Pra gente inventar nosso mundo, suspender nossa cidade proibida
Pra gente fazer de conta, pra gente brincar de apronta
Me espera no portão de casa, que eu chego apressada
Que eu chego bem de repente
Porque eu na verdade já fui

Ana Luiza Fireman

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