segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Caio F. Abreu, “Carta a Vera Antoun,

Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superfície da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas. Não sei muito, também não tenho muito, também não quero muito, mas estou aprendendo a respirar o ar das montanhas.
Caio F. Abreu, “Carta a Vera Antoun, Porto Alegre, 21 de março de 1972” in Caio Fernando Abreu: Cartas, de Italo Moriconi.

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